Uma porta para o mercado de trabalho e também para aqueles que decidiram investir na carreira acadêmica na Universidade. Assim, ex-estagiários definem a experiência no Comunicar e o que ela significa para quem viveu o ritmo da redação, que atualmente funciona no 4º andar do Edifício Kennedy. Excelência, acolhimento e delicadeza da equipe são algumas das marcas tatuadas na memória dos professores que foram ex-estagiários do Comunicar e não poupam elogios ao relembrar os bons momentos vividos dentro do ambiente de estágio.

Foi com expectativa de trabalhar ao lado de profissionais que admirava, como os coordenadores e fundadores Fernando Ferreira e Miguel Pereira, que o professor Alexandre Carauta iniciou seu estágio no primeiro ano de projeto, em 1987. Ele lembra que a produção começou de maneira modesta no 1º andar do Kennedy, com estrutura significativamente menor do que a que existe hoje. Segundo ele, aquilo chamava a atenção dos alunos do curso de Comunicação porque era uma oportunidade de experimentar o que era abordado em sala de aula.

– Naquela época, a gente tinha que explicar para a Universidade e para os departamentos o que era o PUC Urgente e a importância dele. E isto foi muito interessante. Não havia a mesma estrutura de produção que existe hoje.

Antes da carreira acadêmica, Carauta fez um caminho em diferentes funções e veículos: além de repórter, coordenou duas copas do mundo, Olimpíadas e chegou ao cargo de Editor Executivo do Jornal do Brasil. Ele diz que o Comunicar teve influência direta no seu primeiro emprego, no jornal O Globo, já que a vaga surgiu por conta da indicação de um ex-colega do Comunicar. O professor recorda uma brincadeira que acontecia dentro da redação em 1987, o PUC Mais que Urgente: um informe de uma página, produzido dentro do próprio Comunicar, que circulava internamente com notas debochadas e piadas sobre os integrantes da equipe.

Ele destaca que a experiência que adquiriu no projeto trouxe a ele um vínculo profundo com a PUC-Rio. E isto, assinala, permitiu que fosse incorporado na sua vida profissional um pouco da identidade, filosofia e espírito coletivo da instituição, na qual ele hoje faz parte do corpo docente. 

De forma semelhante ao professor Carauta, a professora Alessandra Cruz, que entrou para o Comunicar mais de dez anos depois, em 2000, lembra que também se sentia fascinada pela possibilidade de estagiar em um ambiente em que o seu trabalho seria orientado por professores considerados referências na área. Ela, que hoje ministra aula no curso de Comunicação, conheceu um pouco de cada núcleo do Comunicar. Iniciou a jornada como estagiária no Núcleo Impresso, no qual fazia a diagramação do PUC Urgente e escrevia reportagens para o Jornal da PUC, quando presenciou a transição das máquinas de escrever para os computadores.

– Essa oportunidade, nem sempre o mercado dá para gente. Infelizmente, existe uma precarização da nossa profissão de jornalista, muitas vezes a gente vê estagiários começando sem muito preparo, sem muita orientação. E o Comunicar era justamente o contrário. Era um espaço de aprendizado, mas ao mesmo tempo não só aprendizado: a gente estava ali fazendo assessoria, jornal, rádio e TV.

Após completar a graduação e trabalhar no jornal O Globo, ela retornou para a redação universitária a convite do coordenador do projeto, professor Fernando Ferreira. A partir daí, não deixou mais a instituição: tornou-se produtora da TV PUC e professora do Departamento de Comunicação, passou pelo antigo núcleo de Assessoria e Rádio como assistente da professora Lilian Saback, foi editora da TV Pixel e Coordenadora de Comunicação no Centro Loyola de Fé e Cultura.

Professora Alessandra Cruz. Foto: Acervo Pessoal

A docente comenta alguns momentos especiais, quando teve a oportunidade de conhecer alguns artistas como Gilberto Gil e até o ator norte-americano Morgan Freeman, que foi entrevistado por estagiários do Comunicar durante a cobertura do Afrofest, festival de cinema negro realizado na PUC-Rio em 2002. Segundo Alessandra, os dias de fechamento de jornal eram divertidos, os estagiários ficavam até tarde na redação, e todos sentavam juntos para comer e confraternizar.

– Eram momentos de muita alegria. A gente sempre fez muita festa, aniversários do mês, tudo era motivo para comemorar. Era um espaço que a gente gostava de estar, e não queria sair.

Professora Alessandra Cruz em entrevista com Gilberto Gil. Foto: Acervo

Como os professores Alexandre Carauta e Alessandra Cruz, muitos outros que hoje integram o quadro docente da PUC-Rio também foram rostos que passaram pela redação universitária. Dentre eles, a professora Bruna Aucar, estagiária no ano 2000, que fez parte da primeira formação da TV PUC. Para ela, trabalhar com televisão parecia algo distante, e por isso o Comunicar chamou a sua atenção. O espaço para aprender a técnica e a experiência possibilitaram que ela estreitasse relações com a direção do departamento e professores que ela admirava.

– São muitas recordações. Fiz amigos que permanecem na minha vida até hoje. Conheci, inclusive, meu marido na TV PUC. Costumo dizer que meus filhos são filhos da PUC, por parte de mãe e de pai.

A professora Luciana Pereira, que entrou em 1998 no núcleo de Rádio e Assessoria, faz questão de mencionar a “Rádio Pilh@”, primeira rádio web do Brasil, criada no Comunicar em uma época em que a Internet ainda não era um recurso popularmente difundido e acessível.

De roupa branca, a professora Luciana Pereira. Foto: Acervo

– Nós fizemos um negócio que deu muito trabalho chamado “Guitarra Virtual” e achávamos aquilo o máximo. Era uma imagem de uma guitarra e, quando você passava o mouse, tocava um acorde de uma música clássica de rock. Em 1998 era uma coisa muito inovadora.

Luciana entrou no Comunicar em 1998 e saiu no ano 2000, quando foi trabalhar no Globo Online. Em 2002, ela foi para a Approach, uma agência de comunicação e marketing digital para empresas, e lá percebeu que a área que havia experimentado no estágio, anos antes, era a que mais gostava, e com a qual queria construir a carreira. Em 2012, ela voltou para a PUC-Rio para dar aulas e trabalhar no Comunicar, na Assessoria, núcleo no qual havia dado início à sua carreira mais de 10 anos antes.

– Nós líamos os jornais, fazíamos o clipping, o Jorge Paulo tirava xerox, e a entregávamos pessoalmente na Reitoria. Lá foi a primeira vez que tive contato com assessoria, e depois eu pude transitar na TV, rádio e jornal, em todas essas áreas. Eu acho que me deu uma base para chegar ao mercado tendo experimentado um pouquinho de cada coisa, sabe?

Professora Luciana Pereira, quando voltou para a PUC-Rio para trabalhar na Assessoria. Foto: Acervo

Carinhosamente apelidado de Rafusa, o professor Rafael Rusak também se desenvolveu profissionalmente com ensinamentos absorvidos no projeto. Ele escreveu para o jornal Eco, veículo local da comunidade Santa Marta, em Botafogo, que em 1990 estabeleceu uma parceria com o Comunicar. Segundo ele, foi o professor Rodolfo Maier, então coordenador do Núcleo de Publicidade, atual Agência.com, o responsável por levá-lo ao “jornalzinho da comunidade”, como chamou carinhosamente. Rafusa afirma que foi um momento excepcional na sua vida universitária e crucial para a carreira que decidiu seguir.

– Naquele período, ajudar na produção do jornal da comunidade foi uma experiência muito enriquecedora para mim. Trabalhando com a comunicação comunitária, aprendi sobre a possibilidade de ir além da universidade. E era um conteúdo muito interessante, tínhamos a possibilidade de conhecer pessoas da comunidade, e como não havia muito acesso à Internet, muitas pessoas não tinham acesso à informação.


A professora Luciana Pereira diz que sempre recomenda a experiência para os seus alunos, porque, segundo ela, é como se fosse um “mundo real em um ambiente controlado”, e a professora Alessandra Cruz acrescenta que considera o Comunicar um grande ganho, porque significa que a Universidade aposta na excelência dos alunos que se formam no campus Gávea.

– Me fascinava muito essa possibilidade de estar no lugar de grandes profissionais, como o professor Fernando Ferreira, uma super referência no jornalismo. Eram pessoas que estavam ali, não para apontar os meus erros, mas para indicar um caminho. Hoje, quando tenho que orientar um estagiário, lembro sempre da forma como o Fernando tratava a gente- resume.