Projetos desenvolvidos pelo Departamento de Engenharia Mecânica geram retorno para a sociedade e colaboram para setores como indústria e petróleo. Equipes do Riobotz, Mini-Baja e AeroRio competem no Brasil e no exterior e colecionam prêmios para a Universidade

Submarino nuclear criado em parceria com a Marinha, segurança para reatores nucleares com objetivo de evitar acidentes e robô para auxiliar pacientes que não conseguem se movimentar. Estes são alguns dos projetos desenvolvidos no Departamento de Engenharia Mecânica, que, nas duas últimas avaliações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) recebeu a nota máxima, 7, e ficou entre os quatro melhores cursos de Engenharia Mecânica do Brasil. 

A diretora do departamento, professora Mônica Feijó, comenta que a ótima avaliação reflete um histórico de dedicação e compromisso para formar profissionais com inteligência técnica e emocional, aptos para resolver qualquer problema nas áreas em que atuam. Desde 1948, quando foi criado junto a outros cursos de Engenharia da PUC-Rio, o departamento investe na qualificação de bons alunos e na integração das atividades acadêmicas com o mercado.

A diretora do departamento, professora Mônica Feijó | Foto: Amanda Dutra

Dezesseis anos depois, em 1964, com o mestrado, foi inaugurado o Programa de Pós-Graduação, que já forneceu 893 bolsas para mestrado e doutorado – este implementado em 1980. Um marco para a história do curso foi o fato de um aluno do DEM ter defendido a primeira dissertação de mestrado no Brasil em 1965. Recentemente, uma aluna recebeu o prêmio de melhor tese de doutorado em robótica do país no Concurso de Teses e Dissertações em Robótica (CTDR) 2020, organizado pela Sociedade Brasileira de Computação (SBC).

Mônica Feijó foi a primeira mulher na história do departamento a ocupar a direção. Em 1982, ao entrar no curso de Engenharia Mecânica, ela era a única mulher em uma turma com mais de 20 alunos na PUC-Rio. Mônica se formou em 1987 ao lado de apenas outras três universitárias. Aos 21 anos, se tornou a segunda mulher a assumir a posição de professora no departamento, depois da engenheira Angela Nieckele. Hoje, ela é uma das três mulheres no quadro principal, composto por 21 profissionais da área. Embora os números ainda sejam tímidos, a engenheira diz que é possível notar uma mudança.

– Hoje eu vejo que a presença feminina cresceu entre os alunos. Eu estudei em turmas em que eu era a única mulher, agora o curso já tem um número entre 20 e 30% de mulheres, apesar de ainda ser menos que a metade. Há um estigma dentro do curso, mas a percepção ajuda a entender melhor a engenharia. Infelizmente existe o preconceito e o tratamento diferente em relação a homens.

A Engenharia Mecânica é uma das mais antigas das ciências e é fundamental no desenvolvimento de qualquer país. Segundo Mônica, a graduação da PUC-Rio está afinada com a indústria petrolífera, e 95% dos projetos do departamento são voltados para problemas que envolvem o petróleo. Outros exemplos da excelência do departamento são as equipes Riobotz, Mini-Baja e AeroRio, descritas pela diretora como destaques, já que vencem diversas competições ao longo do ano e não apenas no Brasil.

– O nível de criação deles já chegou a um ponto excelente, e isto traz muito orgulho a todos os professores do departamento.

Minotaur enfrenta adversário durante a Battlebots, torneio mundial de robôs de combate, em Los Angeles | Foto: Battlebots/ABC

De acordo com a diretora, ao logo dos anos os professores alinharam o departamento com exigências para pesquisas, o que aprimorou a capacidade da Engenharia Mecânica da Universidade. O departamento também sempre procurou estar atento às necessidades do momento, quando, em 1976, a especialização em Engenharia Nuclear foi introduzida no curso, o que o tornou, na época, o primeiro do Brasil a possibilitar este tipo de formação em uma graduação. Uma outra modificação decisiva foi quando os professores e pós-graduandos começaram a desenvolver projetos junto às indústrias.

– Foi o início de uma transição, de ser apenas um departamento com um curso de graduação forte para que a Engenharia Mecânica se tornasse um lugar em que a pesquisa fosse importante. A indústria e o departamento começaram a fazer pesquisas aplicadas a problemas práticos, isto foi relevante para o aumento do nosso destaque na comunidade científica.

Além da parceria com o mercado de trabalho, o departamento também estabelece fortes conexões com instituições de ensino e pesquisa brasileiras e estrangeiras. Este intercâmbio permite a realização de projetos conjuntos, a vinda de professores visitantes para o departamento e a abertura de oportunidades para estudantes da PUC-Rio que queiram estudar no exterior. Por outro lado, o departamento recebe alunos de diferentes países da América Latina, assim como da Europa e até da Ásia. Hoje, o DEM contabiliza 400 estudantes na graduação e 170 na pós-graduação.

– Nossa engenharia é uma das melhores do Brasil. Temos diversas pessoas de destaque nas áreas em que atuam. São profissionais que têm muito reconhecimento e já formaram muita gente competente. Estas pessoas, de boas qualidades, se espalharam pelo país, disseminando conhecimentos e atuando em várias frentes.

Mônica Feijó

Como proposta de atuação na nova década, o Departamento de Engenharia Mecânica procura desafios interessantes na área da ciência e o aumento de colaboração com outros setores da indústria. Mônica observa que recuperar a importância da engenharia para o crescimento do país é uma prioridade, especialmente em um período de instabilidade econômica.

– Devemos procurar expandir a carteira de projetos, acho que não temos que ser tão dependentes da indústria de petróleo. Também queremos fazer uma divulgação maior para chegar mais aos alunos, os jovens estão meio desanimados com a indústria estagnada.