Instituto de Relações Internacionais tem uma rede de parcerias com instituições de outros países, que começou a ser estabelecida em 1991. Com cerca de 30 convênios internacionais, ele vai reformar a graduação e incluir na grade curricular temas como meio ambiente

Analisar e refletir sobre os mecanismos de discriminação, desigualdade e exclusão do sistema político internacional são alguns dos princípios que norteiam o Instituto de Relações Internacionais (IRI). Considerado pioneiro nos cursos de graduação e pós-graduação em RI no Brasil, ele ainda foi o primeiro a implantar um doutorado na área de relações internacionais no país. E mais: a Universidade foi uma das precursoras ao criar o programa de bacharelado.

Este olhar atento para com as tendências mundiais fez com que a PUC-Rio desenvolvesse, pelo IRI, um projeto que ajudou na divulgação do ensino em relações internacionais quando o tema ainda era desconhecido no Brasil: a publicação da revista Contexto Internacional: jornal of global connections. Editado pela primeira vez em 1985, o periódico promove, até hoje, debates e discussões teóricas estabelecidas em outros países. A publicação é redigida em inglês pelos professores do Instituto e está disponível tanto na versão  impressa quanto on-line.

A gênese do IRI foi em 1979, como um grupo de reflexão sobre as relações internacionais que, em 1986, passou a incorporar as atividades de ensino na pós-graduação na área de concentração Direito e Relações Internacionais, no mestrado em Ciências Jurídicas da Universidade. A graduação foi criada em 2003, e, de acordo com a diretora do IRI, professora Marta Fernández,  apresenta como diferencial uma formação multidisciplinar, cujo objetivo é trabalhar com todas as áreas de relações internacionais. Ela assinala que departamento possibilita a especialização em diferentes âmbitos das relações internacionais e oferece uma formação teórica e conceitual sólida.

A professora Monica Herz acredita que o curso de pós-graduação se tornou uma referência no país pela formação crítica e teórica do ensino em relações internacionais. Os cursos de mestrado acadêmico e o profissional começaram, respectivamente, em 1987 e 2016. E o doutorado, que teve início em 2001, lidera a pesquisa em RIs no Brasil.

Formação multidisciplinar

Marta comenta que o Instituto planeja atualizar o currículo para que ele contemple tópicos que cada vez mais fazem parte dos debates das nações de todo o mundo. Assim, assinala a diretora, o aluno formado pela PUC-Rio pode adquirir um percurso bem delineado para a prática profissional.

– O Instituto está envolvido no processo de reforma da graduação para adequar o ensino às novas diretrizes curriculares nacionais e incluir, de forma mais estruturante, alguns temas inadiáveis, como meio ambiente. Também estamos em processo de conversa com universidades estrangeiras para adotar  programas de duplo diploma para nossos respectivos programas.

A reflexão acerca dos sistemas de exclusão mundial motivou o IRI a oferecer uma disciplina da Cátedra Sérgio Vieira de Mello (CVSM) sobre as perspectivas e os desafios do fluxo global de refugiados. Em 2018, o Reitor, padre Josafá Carlos de Siqueira, S.J., e a professora Carolina Moulin firmaram a parceria com o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur). O convênio visa atualizar e expor os desafios da condição refugiada para os futuros profissionais da área.

A PUC-Rio firma convênio com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os refugiados (Acnur) | Foto: Thaiane Vieira

Uma das principais características do IRI é a ampla rede de parcerias com instituições estrangeiras, que começou em 1991 com a Brown University, dos Estados Unidos. Atualmente, o departamento tem cerca de 30 convênios internacionais. Para Monica, a interação com universidades de outros países coloca o instituto em um mercado educacional que não é apenas local, mas mundial.

– O IRI é procurado enquanto instituto de pesquisa, circulação e diálogo entre professores e pesquisadores do mundo todo. Acredito que a interação com universidades estrangeiras permite tanto a formação de grupos de pesquisa internacionais quanto a ampliação da experiência acadêmica do aluno.

Monica Herz | Foto: Catarina Kreischer
Inauguração do centro de estudos Brics Policy Center (BPC) | Foto: Isabela Campos

Em parceria com a Prefeitura da Cidade, o Instituto de Relações Internacionais criou o Brics Policy Center (BPC), que está entre os dez melhores think tanks da América Latina, de acordo com o The 2019 Global Go to Think Tank Index Report. Um dos principais propósitos do BPC é a tradução de pesquisas acadêmicas para um público amplo, que não está familiarizado com análises universitárias. Monica qualifica o exercício de transformação do Brics Policy Center como importante para as instituições, pois proporciona o debate social dos trabalhos apresentados por estudiosos de diferentes temas.

Ela define o Instituto de Relações Internacionais como crítico e reflexivo. Segundo Monica, o corpo do departamento se esforça para democratizar a discussão sobre as relações internacionais. Ela comenta que o IRI considera os elementos que caracterizam as atuais interações sociais que precisam ser superados e criticados.

– O nosso movimento é sempre de avaliar possibilidades que ainda não se realizaram, um momento de pensar formas de exclusão, discriminação e desigualdade. Acho que outro elemento crucial nesta ideia de crítica e reflexão é que o debate sobre as relações internacionais precisa ser democratizado. Fazemos um esforço para constituir uma esfera pública, e o BPC tem um papel nisto, para o debate das relações internacionais.

Monica Herz

Segundo Marta, o engajamento criativo de docentes, discentes e funcionários permite que o IRI seja um projeto coletivo e dinâmico. Ela assinala que o instituto também é muito ativo, pois promove seminários e escolas de inverno que estimulam o debate crítico.