Versatilidade do Departamento de Matemática forma alunos para trabalhar além da docência, com possibilidade de atuação no mercado financeiro ou de cursar pós-graduação em outras áreas. Medalha de ouro na Olimpíada Brasileira de Matemática, Prêmio Capes Talento Universitário e Menção Honrosa no Prêmio Jabuti são algumas das conquistas do departamento

Em 1974, padre Paul Schweitzer, S.J., atualmente professor emérito do Departamento de Matemática, construiu um contraexemplo para a Conjectura de Seifert. De acordo com a afirmação, todo campo vetorial não singular e contínuo na 3-esfera tem uma órbita fechada. A elaboração deste contraexemplo possibilitou que o departamento conquistasse projeção na área da matemática e construísse uma trajetória marcada por pesquisas de nível internacional.

Padre Paul Schweitzer, S.J., desenvolveu um contraexemplo para a Conjectura de Seifert | Foto: Thaiane Vieira

O Instituto de Matemática da Faculdade de Filosofia começou em 1950, dez anos depois da criação das Faculdades Católicas, e, em 1968, o departamento foi montado pelas mãos dos professores João Cândido Portinari, Nathan Moreira dos Santos, Alberto de Carvalho Peixoto de Azevedo e João Bosco Pitombeira. No mesmo ano, a Universidade fundou o primeiro bacharelado em matemática do Brasil. Os professores Elon Lajes Lima, do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), e Alberto de Carvalho Peixoto, da PUC-Rio, ajudaram na estruturação do programa, inspirado no Massachussets Institute of Techonology (MIT).

Em 1972, o currículo começou a oferecer licenciatura e, em 2004, o departamento planejou aulas do novo curso na sede do Centro, na Avenida Marechal Câmera. Na época, os professores podiam escolher entre uma graduação relacionada aos aspectos metodológicos da profissão e a formação referente aos conteúdos específicos de matemática.

De acordo com o diretor do departamento, professor Nicolau Saldanha, o bacharelado em matemática já formou profissionais que trabalham no mercado financeiro ou realizam pós-graduação em outras áreas, como informática. O que amplia a imagem do aluno que acredita que as áreas de atuação estão restritas a pesquisa e docência. Saldanha ressalta que o departamento tem como objetivo ser plural.

Diretor do Departamento de Matemática, professor Nicolau Saldanha | Foto: Gabriela Callado

Os cursos de Mestrado e Doutorado foram fundados, respectivamente, em 1969 e 1973. Desde a criação da pós-graduação até 2019, 298 mestres e 107 doutores se titularam. Segundo o diretor, não existe uma separação entre professores do quadro complementar e pesquisadores, já que a troca entre o pedagógico e a pesquisa é fundamental. Saldanha revela que todos os professores contratados no século XXI fizeram  doutorado fora do país.

Padre Paul observa que o programa de graduação do departamento tem nota 5, e o de pós-graduação, 7, na avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Entre as diversas contribuições do matemático para o departamento, a implementação da disciplina Introdução ao Cálculo, ou Cálculo Zero, foi crucial para diminuir a quantidade de reprovações e jubilações.

– A matemática é como um prédio de muitos andares, não é possível construir o décimo andar sem o oitavo e o sétimo. Os alunos que chegavam estavam sendo reprovados cinco vezes seguidas em Cálculo Um e jubilados. Percebemos que era importante fazer por dois semestres e repetir os conteúdos importantes do Ensino Médio. Alguns acham que isso atrasa a formatura, então, oferecemos dois currículos diferentes: se o estudante não está na classificação, tem que fazer o outro curso que incluiu o Cálculo Zero – lembra padre Paul.

Olimpíadas

A tradição de participar da Olimpíada Brasileira de Matemática (OBM) é uma antiga prática do departamento. Uma atuação que envolve tanto docentes e discentes, que se dedicam a disputas de graduação e pós-graduação. O professor Carlos Frederico Palmeira, por exemplo, integrou a comissão em 1979, e, durante muitos anos, foi um dos coordenadores da competição.  

Aluno George Lucas Alencar conquista ouro na Olimpíada Brasileira de Matemática (OBM)

Para Saldanha, as provas estimulam os alunos e ajudam os participantes a perceberem que o esforço proporcionou resultados positivos. Em 2019, na área de pesquisa, a aluna Gabrielle Saller Nornberg, orientada pelo professor Boyan Slavchev Sirakov, ganhou o prêmio Capes Talento Universitário. Na categoria universitária, o aluno George Lucas conquistou ouro na Olimpíada Brasileira de Matemática no ano anterior.

Nos últimos 15 anos de competição na OBM, foram cerca de dez medalhas de ouro de seis alunos diferentes. O diretor explica que a quantidade de prêmios é maior que a de participantes porque alguns competidores ganharam mais de uma vez.

– É preciso ter uma vocação para ser matemático. O departamento não quer transmitir a matemática como uma ferramenta, mas como algo belo que pode encantar as pessoas. Acredito que seja muito parecido com um artista, que escolhe o ofício por ter uma paixão. A pessoa não se torna matemático para usar essa ciência como um instrumento, mas porque enxerga o encanto e a beleza da profissão.

Nicolau-Saldanha

Em 2003, a Coleção Matmídia recebeu menção honrosa ao concorrer ao prêmio Jabuti na categoria Ciências Exatas, Tecnológicas e Informática. A coletânea é formada de quatro livros de cálculo que aproximam a matemática aos meios midiáticos e recebeu uma menção honrosa. Os autores das obras são os professores Sinésio Pesco, Iaci Malta, Hélio Lopes, Marcos Craizer e Humberto José Bortolossi, do Departamento de Matemática.