Rio é ponte entre China e Brasil para troca de tecnologia e pesquisa sobre transição energética

Rio é ponte entre China e Brasil para troca de tecnologia e pesquisa sobre transição energética

Protagonismo brasileiro em soluções sustentáveis e produção de energia limpa levam empresas chinesas a buscar soluções no país.

Por Felipe Scofield e Renan Gammaro

O Rio de Janeiro é a principal cidade brasileira procurada por empresas chinesas que buscam soluções sustentáveis para a produção de energia. A urgência da transição energética na China faz com que o país enxergue o Brasil como referência.  Além do setor energético, o desenvolvimento de inteligências artificiais, tecnologias para o agronegócio e a descarbonização são os maiores interesses do investimento chinês.

Além de empresas, instituições de ensino brasileiras atraem empresas chinesas por oferecer produção de conhecimento. Na terça-feira, dia 8 de julho, a PUC-Rio realizou o seminário “China-Rio: Pontes para Inovação” com líderes e empresários das duas nações. O Reitor da Pontifícia, Padre Anderson Antonio Pedroso S.J, enfatizou o papel da universidade como local de diálogo e pensamento.

O Diretor do Instituto ECOA PUC-Rio, Rafael Nasser, valoriza a articulação de universidades, centros de pesquisa, empresas e representantes do governo dos dois países. A PUC-Rio busca posicionar-se como facilitadora de conexões que possam gerar frutos concretos a partir de realizações que promovam um diálogo internacional. Desde 2011 a PUC-Rio, por meio do Instituto Confucius já busca essa rota do conhecimento com os chineses. No ano de 2025 o campus recebeu outros cinco grandes eventos que celebraram a cultura chinesa, além da visita de membros da PUC à China.

“Conhecer o outro, compreender suas prioridades e desafios, identificar sinergias possíveis – tudo isso é parte essencial de qualquer relação internacional pautada pela confiança e pelo propósito comum”, enfatiza Nasser.

O Rio, apesar de não ser a maior economia do Brasil, é um local que internacionaliza ideais, segundo o presidente do Conselho Empresarial Brasil-China, Luiz Augusto. A cidade é um ponto de encontro para pesquisadores e lideranças de setores de inovação tecnológica. Petroleiras chinesas como a Sinopec estão no Rio desde 1997 e elaboram pautas e parcerias de desenvolvimento com a Petrobras. 

O diretor de Tecnologia da empresa de energia State Grid Brazil, Wan Xiaogang, acredita que a regionalização da produção de energias limpas afasta o consumidor de fontes eólicas e solares, logo a rede de transmissão energética por todo o território nacional deve ser otimizada. A empresa chinesa visa aproximar-se mais com o Brasil para elaborar soluções quanto ao armazenamento de energia, um problema que ambos os países enfrentam.

“Especialistas chineses vêm há anos ao Brasil para estudar como o projeto energético pioneiro do Brasil funciona. Trabalhar junto com o Estado do Rio significa formar uma plataforma de pensamento compartilhado no qual a China pode adquirir informações e o Brasil pode aprender com a experiência chinesa“, disse Xiaoang.

Com a ascensão da China no cenário geopolítico mundial, o alinhamento de propostas com o Brasil é fundamental para o crescimento brasileiro no mercado internacional. O Gerente Geral de Inovação Tecnológica do Centro de Pesquisa da Petrobras, Julio Leite, acredita que “a união bilateral entre os países é uma oportunidade de se posicionarem como líderes globais”. 

O Secretário Executivo do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luis Fernandes, demarca a importância do acordo de sinergia entre Brasil e a China estabelecido em 2025 que busca um salto de eficiência e integração. O plano espacial para lançar a série de Satélites Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres é um dos grandes projetos de cooperação. Dentre as propostas estão o monitoramento mais detalhado de biomas brasileiros, e o lançamento do primeiro satélite geoestacionário para comunicação, observação e meteorologia do país.