Com doação de R$ 35 milhões, Instituto Behring de Inteligência Artificial terá graduação em 2025
São tempos de inteligência artificial. Tempos desafiadores. Tempos de responsabilidade. Alinhada às demandas contemporâneas, à tradição na área tecnológica e aos valores humanistas, a PUC-Rio criou, em uma iniciativa pioneira entre as universidades pontifícias, o Instituto Behring de Inteligência Artificial. Além de oferecer um curso de graduação em IA já a partir de 2025, o instituto terá um centro de pesquisas avançadas, com a missão de tratar temas de grande impacto na área, sempre levando em consideração implicações éticas e socioeconômicas.
A nova unidade de ensino e pesquisa será viabilizada a partir do investimento de R$ 35 milhões, doados pela Fundação Behring, organização filantrópica voltada para o desenvolvimento do país, com foco na educação de jovens em computação. O valor representa a maior doação individual recebida pela PUC-Rio desde a sua fundação, em 1940.
“A intenção é criar um hub de IA, um centro de estudos e de pesquisas avançadas, contando com a colaboração do nosso corpo docente e de professores de outros países, para dar cursos, seja na graduação, na pós, no ensino continuado, além de relevantes projetos de pesquisa. Ao mesmo tempo, a PUC-Rio vai manter sua marca de ser uma universidade voltada para o bem da sociedade, buscando promover um impacto socioambiental positivo no entorno e na cidade do Rio de Janeiro”, afirmou o reitor da PUC-Rio, Padre Anderson Antonio Pedroso.
Para abrigar os espaços de trabalho, salas de aulas e laboratórios de ponta em IA., a PUC-Rio vai construir o Edifício Behring, um prédio de 3,3 mil m² no campus da Gávea, cujo projeto está sendo realizado pelo escritório da Bernardes Arquitetura, em atuação pro bono. O projeto prevê ainda a construção do maior auditório do campus.
O Reitor destacou a relevância e o pioneirismo do empreendimento, além de sua aderência aos propósitos da Igreja. Não à toa, são as palavras do Papa Francisco que abrem o texto da portaria acadêmica que formalizou o Instituto, no último dia 11: “a inteligência artificial tornar-se-á cada vez mais importante [e] os desafios que coloca não são apenas de ordem técnica, mas também antropológica, educacional, social e política” e que “a imensa expansão da tecnologia deve ser acompanhada por uma adequada formação da responsabilidade pelo seu desenvolvimento”.
O CEO da Fundação Behring, Lucas Giannini, ressaltou a importância de se construir uma rede de parcerias com diversas universidades no Brasil e no exterior, além de empresas e outras instituições, “formando um grande ecossistema capaz de trazer impacto positivo no Brasil por meio da IA”.
“Temos um objetivo de fortalecer o ensino de tecnologia no Brasil e precisamos formar mais profissionais qualificados nesta área. A ideia é criar um ambiente com infraestrutura de ponta, formando uma comunidade interdisciplinar de pesquisadores e alunos de excelência. Com o novo bacharelado em IA utilizando metodologias inovadoras, esperamos atrair novos talentos brasileiros para esta área tão promissora”, afirmou Giannini.
Pe. Anderson lembrou que a Fundação Behring tem parceria com a universidade há alguns anos e que, agora, “reafirma sua confiança na nossa gestão para ampliar o investimento e colocar a universidade no topo da pesquisa e do ensino da inteligência artificial, com impactos em diversos setores”.
O curso de bacharelado será multidisciplinar e envolverá professores de matemática, informática, engenharias elétrica e industrial. A graduação tem previsão de início no segundo semestre de 2025, com uma turma piloto. Nos anos seguintes, a PUC-Rio pretende ofertar 100 vagas por ano, com um amplo programa de bolsas de estudo.
Pioneirismo
Simbólica por vários aspectos, a criação do instituto de IA remete à história da Universidade, ligada ao pioneirismo em computação. Na década de 1960, a PUC-Rio foi escolhida para receber o primeiro computador instalado no Brasil, um Burroughs Datatron B-205. Foi o primeiro a operar produtivamente no país e o primeiro de grande porte para uso acadêmico na América Latina. A máquina, que custou o equivalente a R$ 10 milhões, pesava cerca de uma tonelada e tinha memória de 24kB. O Burroughs Datatron B-205 era parte do Centro de Processamento de Dados da PUC-Rio, inaugurado em 13 de junho de 1960 pelo presidente Juscelino Kubitschek, com a presença do cardeal Giovanni Battista Montini, que viria a ser o papa Paulo VI.