No dia 13 de maio, o Núcleo de Acolhimento Institucional (NAI) promove, em parceria com o DCE, os coletivos Nuvem Negra e Bastardos, a CIPA e grupos de pesquisa da Universidade, uma celebração pelo Dia da Memória Ancestral. A atividade tem como objetivo reforçar a valorização da herança afro-brasileira e lembrar a resistência histórica contra a escravidão. O ponto de partida será o NAI, localizado no térreo do Edifício Leme, e o percurso seguirá por diferentes espaços do campus. Aberto ao público, o evento começa às 11h e propõe uma reflexão coletiva sobre as raízes africanas que compõem a identidade brasileira. O Jornal da PUC conversou com integrantes da organização e participantes para entender a importância desse reconhecimento e a força da memória ancestral.

Na foto alguns dos organizadores do encontro que tem como objetivo reforçar a valorização da herança afro-brasileira

Qual o significado do “Dia da Memória Ancestral” no contexto
universitário e como ele contribui para a valorização da história e da
cultura afro-brasileira na PUC-Rio?

Francisco Welbe – equipe NAI: O “Dia da Memória Ancestral”, no contexto
universitário, representa um importante gesto de reconhecimento das raízes
africanas que constituem parte fundamental da história brasileira. Na PUC-Rio,
essa data simboliza o compromisso da instituição com a valorização da cultura
afro-brasileira, a preservação da memória coletiva e a reparação histórica.
Trata-se de um ato simbólico e político, que busca dar visibilidade às histórias
silenciadas pela escravidão (de pessoas negras que foram escravizadas e que
circularam por esse território e por diversas outras partes da cidade do Rio de
Janeiro) e pelo racismo estrutural, além de afirmar o papel da universidade na
construção de um futuro mais justo, plural e antirracista.

De que maneira a colaboração entre o NAI, o DCE, os coletivos Nuvem
Negra e Bastardos, a CIPA e os grupos de pesquisa fortalecem o caráter
integrador e representativo da Universidade?

Carolina Pucci – Coordenadora do NAI: O NAI nasce com a missão de
promover inclusão e acolhimento. Ser convidado a participar de um evento tão
integrador como este é, ao mesmo tempo, um privilégio e a expressão concreta
do nosso propósito.

A colaboração entre o NAI, os coletivos estudantis, instâncias institucionais e
grupos de pesquisa evidencia a potência da articulação entre diferentes frentes
da universidade. Essa união fortalece o caráter integrador da PUC-Rio,
promovendo o diálogo entre saberes, vivências e identidades diversas. Ao
reunir múltiplas vozes, a parceria amplia o alcance e o significado do
evento, reafirmando o compromisso com uma universidade mais inclusiva,
representativa e comprometida com a justiça social e o enfrentamento do
racismo.

Como o cortejo simbólico propõe ressignificar os espaços da
Universidade a partir da memória da presença ancestral negra no
território ocupado hoje pela PUC-Rio?

Professor Amaro Sérgio Marques (Departamento de Arquitetura e
Urbanismo):
O cortejo simbólico propõe uma reconexão com a história
apagada da população negra no Brasil, trazendo à tona a presença ancestral
que foi silenciada ao longo do tempo. Ao ocupar os espaços da universidade
com canções, símbolos e nossos corpos, o ato coletivo ressignifica o campus
como lugar de memória e resistência. Mais do que uma caminhada, o cortejo –
que parte propositalmente do NAI (que acolhe os alunos da Universidade),
segue margeando o Rio Rainha até o Departamento de Arquitetura e
Urbanismo e finaliza na escadaria do Solar Grandjean de Montigny – transforma
o cotidiano acadêmico em um momento de escuta e reconhecimento,
revelando que, antes da instituição universitária, existiram outras vidas, culturas
e saberes que precisam ser lembrados e valorizados.

Quais transformações a organização espera promover no senso de
pertencimento, acolhimento e engajamento da comunidade acadêmica
por meio desta iniciativa?

Walmyr Júnior – equipe NAI: Ao valorizar a memória ancestral, esta iniciativa
busca fortalecer laços mais profundos entre os membros da comunidade
acadêmica, promovendo um senso de pertencimento que vai além da
convivência institucional. Trata-se de despertar afetos, curar silêncios históricos
e estimular o engajamento coletivo em torno da equidade e da justiça racial. Ao
evocar a ancestralidade negra, o evento promove um acolhimento simbólico e
afetivo, que convida à escuta, ao cuidado e ao respeito mútuo. É um gesto de
reencantamento coletivo, que transforma a universidade em um espaço mais
humano, consciente e verdadeiramente inclusivo. Reforça ainda a necessidade
da ampliação da diversidade étnica que já vem ocorrendo através de sua
política de bolsas e de ações afirmativas.

Além de celebrar a memória e a resistência negra, o evento pretende
estabelecer pontes com o público externo? 

Amara Lucia – equipe NAI: Sim, além de celebrar a memória e a resistência
negra, o evento também se propõe a abrir as portas da universidade para o
diálogo com as comunidades do entorno e com a sociedade em geral.
Queremos construir pontes entre os saberes acadêmicos e os saberes
populares, fortalecendo o papel da PUC-Rio como uma instituição viva,
inclusiva, acessível e comprometida com as lutas sociais. A proposta é que a
universidade se afirme como um espaço de encontro, escuta e ação coletiva,
contribuindo ativamente para a construção de uma sociedade mais justa, plural
e racialmente equitativa.