Com mais de 50 anos, departamento é o primeiro do Brasil. Ao observar as mudanças que ocorrem em instituições de outros países, corpo docente prepara uma reforma curricular.  A ideia é transformar os conteúdos tradicionais, que serão mais voltados para esclarecer questões concretas que surgem na sociedade

Responsável por quase metade dos engenheiros que a PUC-Rio forma anualmente, o Departamento de Engenharia Industrial oferece, na graduação, o curso de Engenharia de Produção. A origem foi em 1967, com a criação do primeiro Programa de Mestrado em Engenharia de Produção do Brasil e, somente 15 anos mais tarde, em 1982, o curso de graduação em Engenharia de Produção foi implementado e reconhecido pelo Ministério da Educação e Cultura. Hoje, o objetivo é preparar os alunos para uma atuação global e estimular o intercâmbio internacional com conceituadas instituições de ensino.

Responsável por quase metade dos engenheiros que a PUC-Rio forma anualmente, o Departamento de Engenharia Industrial está entre os melhores do país | Foto: Amanda Dutra

Em 1993, o departamento implantou o Programa de Doutorado em Engenharia de Produção. Em 2001, como resposta a uma crescente demanda por profissionais com formação técnica para atuar na gerência de logística, surgiu o Mestrado Profissional em Logística. Na última avaliação, o Conselho Técnico Científico da CAPES, órgão encarregado da análise dos cursos de Pós-Graduação no país, atribuiu nota 5, a maior da avaliação, aos programas de Mestrado Acadêmico e de Doutorado, o que fez da Universidade uma das melhores do país. Apesar disso, segundo o diretor do departamento, professor Luiz Felipe Scavarda, a busca pelo aperfeiçoamento é uma constante.

Segundo o diretor do departamento, professor Luiz Felipe Scavarda, o diferencial da PUC-Rio é a integração e a qualidade de ensino | Foto: Amanda Dutra

– O grande diferencial da Universidade é a integração, além da qualidade de ensino. Neste sentido, acho que a PUC é única, um exemplo no país. Aqui, temos bastante pesquisa. A nossa pós-graduação é muito boa e deu um grande salto nos últimos dez anos. Hoje, somos o melhor programa de Engenharia de Produção do Estado do Rio de Janeiro, e um dos melhores do Brasil. Nossa graduação é muito boa, acabamos de fazer uma reforma, mas já estamos trabalhando com uma nova. Queremos sempre melhorar. Estudamos meios de trazer novas metodologias, coisas que façam o aluno ser o protagonista.

A primeira turma de graduação teve apenas cinco alunos matriculados. De acordo com o professor Silvio Hamacher, hoje já são mais de mil estudantes inscritos no curso. Ele explica que, apesar de formar engenheiros de produção, o departamento recebeu o nome de Engenharia Industrial por influência de instituições estrangeiras.

– Nós somos o único departamento de Engenharia Industrial no país. Quando criamos, na década de 1960, ainda não existia Engenharia de Produção no Brasil. Este, inclusive, é um termo brasileiro, só existe na América Latina. No mundo afora, falamos em Engenharia Industrial. Então, quando foi criado, em 1967, colocamos o mesmo nome que há em outros países.

Fundado em 1967, o departamento é responsável pela criação do primeiro Programa de Mestrado em Engenharia de Produção do Brasil | Foto: Amanda Dutra

Liderança no futuro

O diretor afirma que o departamento teve influência nacional e estrangeira para construir os primeiros pilares. Scavarda conta que o curso começou a ser montado com uma formação variada de professores. Programas de intercâmbios acadêmicos de instituições como a Universidade de Stanford, o centro para Pesquisa Operacional de Zürich, a Universidade de Montreal, a Escola Central de Artes e Manufaturas de Paris e com a Universidade da Média Suécia foram fundamentais para estruturar tanto a graduação como a pós-graduação

Segundo Scavarda, a função do engenheiro de produção nas organizações inclui a especificação e a gestão dos sistemas e processos produtivos, a avaliação do desempenho e a implementação de melhorias nas operações e condições de trabalho. Para ele, a internacionalização é um ponto de destaque na Universidade. No entanto, uma vez que, de acordo com o diretor, nem todos os alunos têm condições de fazer intercâmbio, o investimento em recursos internacionais no campus se tornou uma prioridade.

– Temos um número crescente de disciplinas em inglês. Nestas, o aluno brasileiro pode cursar a disciplina com estudantes da Noruega, da França, Estados Unidos, de vários lugares do mundo. Assim, ele tem uma mostra de ambiente internacional, que vai muito além da língua. Nós chamamos isso de internacionalização em casa. Existem várias possibilidades para isto, e esta é uma delas.

Hamacher ressalta o papel de destaque na Universidade em projetos de pesquisa, uma vez que, de acordo com ele, mais da metade da receita é direcionada a este fim. O professor destaca, ainda, que o diálogo entre professores e estudantes, além das parcerias com grandes e médias empresas, faz com que a Engenharia Industrial tenha uma participação ativa no desenvolvimento de novos estudos. Para ele, este fator beneficia a formação de alunos, que têm a oportunidade de colocar o aprendizado em prática dentro da própria instituição.

– A PUC é líder no mundo em projetos de pesquisa. Mais da metade da nossa receita é direcionada a projetos que beneficiam a comunidade. A Universidade apoia o aluno, e as empresas ajudam no financiamento. É uma via de mão dupla. Há um benefício para o próprio estudante e ele ajuda nos projetos. Hoje, eu diria que temos quatro linhas de pesquisa muito fortes, que têm projetos com a indústria, a sociedade, governos e ONGs. A área mais forte é a de energia, como a renovável, elétrica, óleo e gás. Há uma área de finanças. Também temos a área de saúde e a de logística humanitária, que são muito importantes.

Silvio Hamacher
Na última análise do Conselho Técnico Científico da CAPES, foi atribuída a nota 5, maior da avaliação, aos programas de Mestrado Acadêmico e Doutorado | Foto: Amanda Dutra

Atualmente existem quatro laboratórios no campus que servem de suporte para o trabalho e pesquisas de alunos e professores: o Instituto TecGraf de Desenvolvimento de Software Técnico-Científico; o Laboratory of Applied Mathematical Programming and Statistics (LAMPS), que utiliza técnicas de programação para desenvolver ferramentas na resolução de problemas relevantes da indústria e da sociedade; o Núcleo de Estatística Computacional (NEC), que tem como objetivo a realização de pesquisa em modelos de data science, com aplicações voltadas a vários setores da indústria, sobretudo ao Setor Elétrico Brasileiro; e o Humanitarian Assistance and Needs for Disasters (HANDS), voltado para pesquisas em Logística Humanitária e Gestão de Operações em desastres, crises e emergências.

Com inovação, o departamento traça o futuro do curso ao construir uma reforma curricular. A ideia, segundo Hamacher, é mudar pontos dos conteúdos tradicionais e ter um currículo voltado para os problemas concretos apresentados na sociedade. O professor conta que a ideia é deixar de ser uma dinâmica em que o professor apenas mostra o conteúdo para o aluno e a relação passar a ser conjunta, com uma maior participação dos estudantes, que vão resolver problemas contemporâneos.

– Estamos no meio de uma reforma curricular. É uma mudança mundial, mas queremos ser líderes no Brasil. Tentaremos introduzir elementos para trazer problemas reais. Com isso, também traremos empresas, pois traremos suas questões reais. Queremos ser um diferencial no mercado. Aprendizado é baseado em problemas. O importante é o problema, os problemas reais, e não de livros, e aprenderemos a resolvê-los juntos, aluno e professor. Isso será uma revolução muito importante.