Dois ex-estagiários relembram os aprendizados no projeto e contam um pouco da trajetória profissional de cada um
Ex-estagiários do Comunicar, o repórter Diego Moraes, da Rede Globo, e o Assessor de Comunicação da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Gregório Fernandes, retornaram à PUC-Rio para uma palestra em celebração dos 35 anos do projeto. Em conversa com estagiários e com os professores orientadores, a dupla abordou temas como a trajetória profissional, a rotina e o período em que estudaram na Universidade.
Diego Moraes trabalha na Rede Globo há 14 anos e, no período em que integrou o Comunicar, atuou no núcleo de TV. Atleta de karatê, ele une o dia a dia do esporte com o ofício de repórter. Seu portfólio é composto por diversas matérias como a série realizada para o Esporte Espetacular “Diego San”, que apresentava a rotina de treinos de Moraes e a expectativa de representar o Brasil nas Olimpíadas de Tóquio (2021); a reportagem do RJ1, sobre o jogador Everton Ribeiro, do Flamengo, criar um espaço nas redes sociais para discutir o racismo, produzida em meio às manifestações nos Estados Unidos após o assassinato de George Floyd.
Moraes produz ainda o podcast Ubuntu Esporte Clube, feito por jornalistas negros e voltado para um público interessado em discutir questões de raça. Para ele, apresentar figuras públicas pretas ajuda a refletir e propor conversas sob uma perspectiva diferente no ambiente esportivo. E pensar neste tipo de conteúdo é algo anterior à própria Universidade: o repórter disse que se tornou jornalista pelo desejo de contar histórias. Ele ressaltou que transmitir informações pode ser realizada em qualquer editoria no Jornalismo e relembrou o período da pandemia, quando participou da GloboNews com entradas ao vivo.
― Gosto de contar histórias, de inspirar por meio daquilo que conto, e de informar as pessoas dentro do que eu acredito. Acho que o Jornalismo proporciona isso. Há casos em que você terá que fazer isso no hard news. Durante a pandemia, participei da cobertura feita pela GloboNews e essa foi a minha primeira experiência com hard news. Tenho um pouco de dificuldade com as entradas ao vivo, mas eu precisava fazê-las o tempo todo, e sempre sobre uma pauta nova. Uma vez tive que falar sobre a criação da vacina x, no outro dia, sobre como os biólogos lidam com y, quantas pessoas estão morrendo em tal cidade. Mesmo assim, eu sugeria pautas para o Jornal das 10, de empreendedorismo, de outras editorias, porque pensamos o tempo todo.
O jornalista ressaltou que o Comunicar foi essencial para que ele desenvolvesse um olhar mais profissional, de modo a propor pautas sobre variados assuntos. Ele afirmou que ter esta habilidade é um ponto importante nesta profissão, pois aumenta as chances de o repórter transmitir ao público as temáticas e assuntos que lhe interessam e precisam ser abordados.
― Aprendi no Comunicar a sugerir pautas, porque tínhamos rondas, reuniões, toda semana. Acho que 90% das produções especiais que fiz foram propostas de pautas minhas. O Diego San foi minha ideia, outra série também, entre outros. Hoje, se eu for fazer uma reportagem, matéria especial, geralmente foi minha sugestão. Tive que aprender a pensar boas pautas para conseguir galgar espaços os quais, talvez, eu não tivesse uma oportunidade diretamente. Esperar uma pauta cair no colo não é para qualquer um, às vezes pode ocorrer, da mesma forma que não. Acho interessante ir atrás das histórias que você quer contar.
Assim como Moraes, Gregório Fernandes fez parte do núcleo de TV do Comunicar. Na trajetória jornalística, foi repórter do Esporte Interativo, mas não tardou a migrar para a área de assessoria, na qual trabalha até hoje. A mudança não foi uma escolha calculada: um amigo que participava do projeto na PUC-Rio, Aurélio Amaral, o indicou para a CBF. Desse modo, se tornou assessor das seleções femininas e masculinas de base, porém, após a Olimpíada de 2016, ficou responsável pela seleção principal. Apesar da alteração de cargos, ele reforçou a necessidade do profissional de comunicação sugerir pautas.
― A pauta pode vir de várias pessoas dentro do ambiente da redação, até do assessor. Não adianta eu ter uma história aqui que acredito ser apropriada para a TV, achar que ela funciona no Esporte Espetacular e tentar vender ela para o Globo Esporte. São formas diferentes de comunicar, são histórias diferentes para contar. O assessor também tem que ter essa visão para pauta, às vezes para indicar para o repórter qual a melhor forma de ela ser feita, se é melhor como VT, reportagem para o impresso, coluna, entre outros.
Fernandes destacou como o Comunicar prepara positivamente os estudantes para o mercado de trabalho. Segundo ele, é um espaço de desenvolvimento, honestidade e profissionalismo e aponta o caminho para ingressar no mercado. E foi categórico quando citou uma das principais lições apreendidas durante a sua experiência no comunicar: ter postura profissional. E, ainda, saber se adaptar às mudanças que ocorrem nas empresas.
― Na CBF, sempre ocorrem mudanças de cargo. Foram vários presidentes, chefes de seleção, técnicos, coordenadores, e eles influenciam em nosso trabalho. Toda mudança de comando, você tem um rearranjo de forças, é preciso se adaptar àquele novo comando. Muitas vezes as pessoas ficam resistentes a isso, pois pensam ‘estou há muito tempo na casa, eu sei como funciona’, apesar de o indivíduo ter sido contratado para ser o chefe.