Departamento de Teologia desenvolve pesquisas que se destacam no Brasil e no exterior. Ele vai disponibilizar duas bibliotecas da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), das décadas de 1950 e 1960, acervo reunido antes da criação da Campanha da Fraternidade
Na busca pela promoção do diálogo com o cenário histórico e cultural do país e do mundo, a graduação de Teologia começou o percurso em 1968, com 22 alunos inscritos. Quatro anos depois, o Departamento de teologia recebeu autorização para conferir graus de bacharel, licenciatura, mestrado e doutorado. O documento foi lido pelo Grão-Chanceler Cardeal Dom Eugênio Salles, em uma cerimônia no auditório do RDC.
Após o decreto, o Programa de Pós-Graduação foi criado em 1972, e a instituição passou a ser a pioneira no país a ter especialização na área teológica. Em 1979, como reconhecimento da excelência nas atividades de pesquisa, o curso de Teologia recebeu conceito “A”, o maior da época, pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Segundo o diretor do departamento, padre Waldecir Gonzaga, os mais de 45 anos de pesquisa consolidaram um perfil de destaque teológico-acadêmico nacional e internacional.
– No final de 2018, fiz um pedido, e em breve serão disponibilizadas dentro da Universidade as duas bibliotecas da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). São bibliotecas desde a década de 1950 e 1960. Nenhuma Universidade no país terá um material como esse, porque é de antes do Regime Militar, antes da Campanha da Fraternidade. Alguém que queira pesquisar, seja de dentro ou de fora do país, vai encontrar esses documentos aqui.
O programa de Teologia da PUC-Rio engloba a área da Teologia Bíblica, consolidada como o único programa de especialização no Brasil, a Teologia Sistemático-Pastoral, mais ampla nos estudos teológicos, e oferece, ainda, para todos os alunos, a Cultura Religiosa (CRE) e teologia a distância. De acordo com o diretor do departamento, a CRE tem crescido na Universidade. Ele destaca a parceria com a Vice-Reitoria Comunitária e a Arquidiocese do Rio de Janeiro para a atuação em projetos sociais nas favelas e os trabalhos de conscientização sobre o meio ambiente.
– Temos convênios com a Vice-Reitoria Comunitária para marcar presença nas comunidades do Rio de Janeiro, com a Arquidiocese e a Cáritas, uma instituição da Igreja Católica mundial, para atuar no meio social. Também estamos sempre atentos, fazendo atividades para privilegiar temas voltados para a realidade socioeconômica-política-ambiental do país e do mundo. Mantemos compromisso com o que o Papa pediu: que sejam atendidas todas as periferias do mundo, não apenas as físicas, mas também as existenciais, e as várias realidades sociais e os desafios que temos hoje.
Padre Waldecir Gonzaga
Como forma de comprometimento com fé cristã, em 1993 o então Vice-Reitor de Desenvolvimento, padre Francisco Ivern Simó, S.J., fundou o Centro Loyola de Fé e Cultura. Primeiro no Brasil e único vinculado a uma Universidade, o Loyola tem como objetivo central a formação dos cristãos leigos, com evidência ética, moral e religiosa. Com 11 salas de estudo, um auditório, biblioteca e duas capelas, o Loyola oferece cursos de atualização em teologia e doutrina social da Igreja, além de retiros espirituais, palestras, conferências e cerimônias.
Padre Waldecir também destaca a simetria de gênero entre os professores da Universidade. De acordo com ele, a maior participação feminina, leigos e padres formam uma característica única da PUC-Rio. Exemplo disso é a professora Ana Maria Tepedino, que atuou em pesquisas com objetivo de refletir o papel da mulher cristã, e a professora Maria Clara Bingemer, primeira teóloga brasileira a receber o título de doutora na área. Para o diretor do departamento, o teólogo deve estar sempre atento ao diálogo com a cultura atual.
Segundo Maria Clara, o equilíbrio de gênero é datado dos anos 1980, quando os jesuítas deixaram a PUC-Rio para fundar a Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE), em Belo Horizonte. Ela afirma que, naquele momento, mulheres leigas que já faziam pós-graduação e se encaminhavam ao doutorado foram chamadas para lecionar ao lado de religiosos e leigos homens. A partir de então, de acordo com ela, a presença feminina tem se mantido no departamento.
– Experimentamos o equilíbrio da diferença que enriquece e fortalece o trabalho. As pessoas sempre se intrigaram com o fato de haver a presença de mulheres no corpo docente, inclusive na faculdade eclesiástica. Acho que foi porque sempre se valorizou a seriedade e a competência das mulheres que aqui trabalham. Espero que isso continue, pois todos e todas só temos a ganhar com isso. E eu particularmente me sinto muito orgulhosa em fazer parte desta história desde o princípio.
A Cátedra Carlo Maria Martini da PUC-Rio foi mais uma das iniciativas do Departamento de Teologia. Criada em 2006 e coordenada por Maria Clara, a Cátedra tem como objetivo promover uma reflexão sobre temas como a pluralidade social e as variadas expressões religiosas do país. Os projetos desenvolvidos buscam incentivar o diálogo entre a Universidade e a sociedade, com seminários, palestras e conferências. O nome é uma homenagem ao cardeal italiano e arcebispo emérito de Milão, Carlo Maria Martini, conhecido por ter posições progressistas. Para o diretor do departamento, é dever do teólogo observar e acompanhar as constantes mudanças do mundo.
– O teólogo é aquele que, a partir do ideal de nosso departamento, assumiu formar homens e mulheres abertos para o diálogo com a cultura atual, que não é um bloco fechado, mas multicultural. Eles são preparados para que tenham a capacidade de ajudar a amadurecer a realidade política, cultural e religiosa, mas também para dar sua colaboração no diálogo com as várias ciências.