Por Gabriela Oliveira, Ingrid Fernandes, Pedro Luiz Meireles, Pedro Soares
PUC-Rio recebe II Encontro com a Ciência da Defesa Civil
A cultura da prevenção é uma aliada importante para mitigar os efeitos dos desastres naturais. O major do Corpo de Bombeiros do Rio Fábio Contreiras alertou que as comunidades mais afetadas devem ser foco de campanhas de conscientização. Para Contreiras, que é porta-voz do Corpo de Bombeiros do Rio, é muito importante que as pessoas se cadastrem no sistema de Avisos e Alertas de Desastres do SMS 40199, da Defesa Civil. Por meio deste serviço, é possível receber informações gratuitas sobre riscos de desastres a fim de tomar ações de preparação em tempo suficiente. Além disso, Contreiras também falou sobre os treinamentos voluntários oferecidos pela Defesa Civil para a população que vive em áreas de risco.
O Coordenador Geral de Monitoramento do Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres, Tiago Molina Schnorr, ressaltou a necessidade de incorporar cada vez mais evidências científicas geradas pela academia nas políticas públicas. Além do Plano Nacional de Proteção e Defesa Civil, ele mencionou o programa Defesa Civil Alerta.
– O projeto é uma nova tecnologia, que a gente passa a ter nas próximas semanas, de enviar comunicados à população de alerta dos desastres e fazer com que eles cheguem a quase a totalidade das populações das nossas cidades aqui no estado do Rio de Janeiro. Esse projeto traz um potencial gigantesco de que essas informações preditivas possam cada vez mais salvar vidas.
Para a professora Adriana Leiras, do Departamento de Engenharia Industrial da PUC-Rio e coordenadora do projeto de elaboração do Plano Nacional de Proteção e Defesa Civil, as políticas públicas não podem se voltar somente à mitigação dos efeitos de desastres naturais, mas também à prevenção deles. Segundo Leiras, as mudanças climáticas e a maior frequência de eventos extremos nos últimos anos criam uma forte pressão por investimentos em ações de prevenção de catástrofes, como contenção de encostas e limpeza de bueiros.
– Nós temos órgãos públicos que cuidam da parte de prevenção de desastres, mas o que acontece é que eles recebem poucos recursos, que na maioria das vezes são alocados apenas em ações de resposta aos desastres depois que eles acontecem, para socorrer à população.
A Promotora de Justiça do MP/Petrópolis, Dra. Zilda Januzzi Veloso Beck, apontou que é fundamental que no processo de gestão de risco, haja um fortalecimento da instituição. Para isso, destacou, é necessário bons profissionais, recursos humanos, bom planejamento, financiamento e exercer todas as competências que estão traçadas na política sem vácuo de poder.
O pesquisador da Escola Politécnica da UFRJ Leandro Torres di Gregorio explicou a importância de adaptar os planos municipais para lidar com os efeitos de desastres naturais às especificidades de cada área da cidade, o que muitas vezes não acontece. Com isso, segundo ele, os planos municipais ficam incompletos.
– O sucesso de uma desocupação emergencial vai depender intimamente daquelas rotas de fuga que você escolhe localmente, de você conhecer onde estão as pessoas em cada local, com suas características e suas diferentes vulnerabilidades — disse Gregorio.
A PUC-Rio recebeu o “II Encontro com a Ciência: é possível construir políticas públicas de gestão de riscos e desastres baseadas em evidências?”, promovido pelo Instituto Científico e Tecnológico da Defesa Civil. Participaram do evento diversas autoridades e acadêmicos ligados ao tema.
Durante o encontro, o Vice-Reitor para Infraestrutura e Serviços da PUC-Rio, Luiz Fernando Martha, destacou o orgulho da universidade em sediar o encontro, levando em consideração a importância de discutir políticas públicas de gestão de risco e desastres dado o contexto climático do mundo contemporâneo.
– A parceria de órgãos públicos com o meio acadêmico é fundamental para minimizar o impacto dos desastres naturais no cotidiano dos cidadãos. Com tecnologia é realmente possível minimizar os riscos desses problemas e a universidade desempenha um papel importantíssimo colaborando para o desenvolvimento de pesquisas e soluções.