Por Pedro Soares e Thaís Andrade
Espaço completa um ano em busca de uma universidade empreendedora e engajada
A Casa de Inovação da PUC-Rio completa um ano de atividade no dia 14 de dezembro. Ela faz parte do plano de transformar a PUC-Rio em uma Universidade Empreendedora e Engajada, que tem como missões a conexão com o entorno local, o relacionamento com o mercado, o foco na inovação científica e a colaboração transdisciplinar. Em 2024, o espaço sediou 68 eventos, com mais de 2.300 participantes, e realizou mais de 40 reuniões institucionais estratégicas com o intuito de fomentar a cultura da inovação no campus. Para o próximo ano, a função será ampliada para a constituição de um grande parque tecnológico, integrando vários polos da universidade.
A equipe do Jornal da PUC foi ao centro do campus visitar o inovador ambiente projetado pelo Departamento de Arquitetura e Urbanismo (DAU), para conversar com o Coordenador Central de Parcerias e Inovação da PUC-Rio, Gustavo Robichez, a Gerente de Projetos Inovadores da Coordenação Central de Parcerias e Inovação (CCPIN), Larissa Frigotto, e a Gestora de Comunicação de Inovação da CCPIN, Carla Panisset, que fazem um balanço do que foi realizado nesse tempo e comentam as perspectivas para o futuro da Casa.
Qual é a missão da Casa de Inovação?
Gustavo Robichez: Ela faz parte de uma estratégia mais ampla da Universidade ao fortalecer seu quarto pilar, que é a inovação, trabalhando de forma integrada aos três eixos tradicionais: ensino, pesquisa e extensão. Na Vice-Reitoria de Desenvolvimento [à qual pertence a CCPIN], nós temos trabalhado o eixo da inovação, que tem relação com a transferência de conhecimento, com o empreendedorismo, com a aplicação dos projetos e o diálogo com as empresas. A cultura da inovação parte do diálogo, de um lugar de encontro, e por isso é importante que haja um espaço neutro, que não esteja ligado a nenhuma área de conhecimento específica.
Carla Panisset: Transdisciplinaridade é um conceito fundamental para a Casa, em torno do qual tudo gira.
Que eventos sediados pela Casa este ano vocês destacariam?
Gustavo Robichez: Um evento que eu gostaria de destacar é a visita da Orquestra Sinfônica Jovem do Rio. A universidade já tinha um projeto de acolhimento deles, mas decidimos trazê-los à Casa para que a PUC pudesse ter esse contato de forma mais recorrente. O que é interessante nisso é que, na maioria das vezes, as coisas começam na Casa, mas, quando dão certo, vão para outros lugares. Outro ponto a se destacar é a cooperação com entes internacionais. Em uma parceria com o Instituto de Mobilidade e Energia Sustentável (IMES), trouxemos a Câmara de Comércio Alemã AHK para discutir oportunidades de financiamento de pesquisa e cooperação com empresas alemãs. Houve ainda uma série de encontros organizados pelo Instituto ECOA com líderes e executivos do mundo digital que vieram à Casa para compartilhar experiências. Nós convidamos o professor do Instituto de Relações Internacionais Luis Manuel Fernandes, Secretário Executivo do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, para discutir a Proposta do Plano Brasileiro de Inteligência Artificial em outubro, que, por conta da grande repercussão, foi realizado no auditório do RDC.
Larissa Frigotto: É interessante que nesse caso a Casa não está atuando só como um agente de transferência de conhecimento de dentro para fora da Universidade, mas também de fora para dentro.
Como funciona a Casa de Inovação?
Gustavo Robichez: Aqui funciona como uma oficina para o futuro. É como se fosse um espaço dedicado para experimentações e abertura de novos diálogos. A gente acaba sendo um grande observatório, pois é preciso entender como as coisas evoluem, até para incentivar e reorientar o processo. O nosso grande papel é impulsionar a geração de valor a partir de experiências que começam controladas e, muitas vezes, precisam ser acompanhadas do início, mas que geram uma expectativa de continuidade através de parceria com a Casa. A intencionalidade disso é gerar projetos patrocinados para a universidade, mas é importante esclarecer que aqui não é a casa dos projetos, pois existem os institutos e laboratórios de pesquisa para tanto.
Carla Panisset: A metáfora da oficina é muito boa, porque nada que é feito numa oficina vive na oficina, é para ser usado fora dela. O futuro está resguardado para as pessoas que estão inovando, porque o mundo é muito complexo hoje e muda muito rápido. Então nós estamos lidando o tempo todo com adaptações.
Larissa Frigotto: Nós somos um lugar que dissemina o conhecimento e gera conexão, para poder estimular projetos, que são patrocinados. Tem áreas da PUC que nunca ouviram falar em inovação e não se sentem nesse lugar de inovar em que precisam estar. Então esse espaço é justamente para isso.
O que a Casa de Inovação representa para a PUC-Rio?
Gustavo Robichez: A inovação aqui tem relação com a transferência de conhecimento, com o compartilhar de saberes, com a criação de novas empresas, com o empreendedorismo, os projetos aplicados, o diálogo com as empresas e com a sociedade. A gente tem estruturado dentro de um movimento orgânico três vetores para organização dessas atividades: o vetor de impacto social; o segundo é o vetor do impacto cultural; e o terceiro é o do impacto tecnológico. Esse ano a gente teve uma outra provocação que foi exatamente assumir o ethos de parceria e inovação e olhar para fora, no sentido de estabelecer contatos, estabelecer conexões, acolher iniciativas de diferentes origens. Percebemos que é necessária uma organicidade e por isso construímos uma rede com esses três conceitos bastante estruturados na própria Universidade.
Como o espaço se integra ao Planejamento Estratégico da Universidade para o período de 2024-2030?
Gustavo Robichez: As iniciativas da Casa têm relação direta com os compromissos da PUC-Rio destacados pelo Planejamento Estratégico traçado para o período de 2024-2030, em seu pilar “Estímulo à inovação”. A Casa funciona como um potencial catalisador para que essa dimensão seja posta em prática.
A missão da Casa foi implementada com sucesso em 2024?
Gustavo Robichez: Vou usar uma metáfora: eu sei o que eu já fiz no passado e eu sei o que eu estou fazendo no presente. Quando a gente fala em inovação, a gente está falando exatamente da construção de um futuro a partir do presente. Eu acho que já é possível medir impacto, até a partir de alguns números. A gente já está impactando positivamente a universidade, e não impacta sozinho ou para nós mesmos, mas sim com a coletividade.
Carla Panisset: Está sendo. A gente provoca outras formas de pensamento na universidade e isso gera movimentos. Eu gosto dessa ideia de construção coletiva.
Quais são as perspectivas para o próximo ano?
Gustavo Robichez: Fortaleceremos os diálogos internos, as redes de colaboração e as conexões com a sociedade. No âmbito da difusão da inovação, pretendemos lançar um livro em parceria com a Editora PUC-Rio para compartilhar a experiência da Casa e também começar um podcast voltado para líderes e executivos para atrair novos parceiros, em conjunto com o Comunicar.
Será construído ainda um boulevard acessível, chamado Espaço Francisco. A ação está prevista na materialização de uma das fases de criação do Parque de Tecnologia e Inovação. Esta alameda irá conectar a entrada da Marquês de São Vicente ao entorno da Casa da Inovação e deve ficar pronta no primeiro semestre do ano que vem.