Com 78 anos de existência, Departamento de Educação é reconhecido em todo país por formar profissionais que atuam em diferentes segmentos da área. A procura pela pós-graduação, que completa 55 anos, é concorrida: em 2020, foram 350 inscritos para o mestrado

O Departamento de Educação caminha ao lado da PUC-Rio desde o início da história da Universidade. Criado em 1942, ele atua na formação de profissionais e pesquisadores que operam em diferentes instâncias educacionais. E desde que foi fundado, o departamento tem como meta contribuir para a existência de um espaço plural e democrático de ensino, pesquisa e extensão.

O investimento na área da educação, não só universitária, mas também de crianças e jovens, está na origem da Universidade, de acordo com a diretora do departamento, professora Cristina Carvalho. O curso de pós-graduação, fundado em março de 1965, foi o primeiro programa brasileiro credenciado pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) e reconhecido pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) como Centro de Excelência de Pesquisa.

Motivo de orgulho para o Departamento de Educação, o programa foi criado pelo padre Antonius Benkö, S.J., considerado uma das figuras responsáveis pela construção da PUC-Rio. Ele era Assessor do Conselho Nacional de Educação e, por meio de um convênio com o Ministério da Educação, iniciou o curso de pós-graduação de Especialização em Planejamento da Educação.

Aos 55 anos, o programa de pós-graduação é responsável por formar diversos quadros na área da educação pelo Brasil, afirma a professora Cristina. Por causa do número significativo de mestrandos e doutorandos egressos, que atuam em universidades públicas e particulares de todo o país, a disputa por uma vaga no curso é concorrida.

– Todos os anos, temos uma procura muito grande pelo mestrado e doutorado. Em 2020, especificamente, no contexto da pandemia, decidimos abrir o processo de seleção e tivemos quase 350 inscrições para o mestrado, com a realização da prova de forma remota – comenta Cristina.

Ainda na década de 1960, padre Antonius Benkö, S.J., iniciou uma política de formação de quadros de ensino e pesquisa por meio de convênios com universidades de fora do país. Por causa disso, alguns professores que são considerados referências na história da educação brasileira concluíram a pós-graduação no exterior, como Zaia Brandão, Vera Candau e José Carmelo Braz de Carvalho, professores eméritos do departamento.  

Nos 78 anos de existência, o departamento contou com a colaboração de pilares da área da educação, alguns, inclusive, que já não estão mais vivos, como o filósofo Leandro Konder (1936-2014). Considerado um dos maiores da área da Filosofia da Educação no Brasil, Konder começou a lecionar no departamento na década de 1980, uma relação duradoura e com uma contribuição, de acordo com Cristina, inestimável.

O professor Leandro Konder, do Departamento de Educação, no momento em que foi homenageado com a medalha comemorativa aos 70 anos da PUC-Rio | Foto: Acervo do Núcleo de Memória da PUC-Rio

O curso se tornou modelo no Brasil quando, nas décadas de 1970 e 1980, o pioneirismo do programa de pós-graduação em Educação da PUC-Rio foi reconhecido no país. O destaque, de acordo com o professor José Carmelo, facilitou a expansão do quadro de docentes e pesquisadores com dedicação exclusiva à Universidade.

Inclusão social e apoio psicopedagógico

O professor conta que, a partir de 1993, quando a PUC-Rio implementou o programa de bolsas sociais, houve a democratização no acesso aos cursos de graduação. Para Carmelo, com o departamento já consolidado como uma referência na área, foi possível colaborar para o sucesso da permanência dos alunos na Universidade.

– Esta política de inclusão social nos cursos de graduação da PUC-Rio, e em especial no Departamento de Educação, foi ampliada e aprofundada por meio de diversas iniciativas de reforço escolar por disciplinas introdutórias; sequenciamento nos conteúdos curriculares das disciplinas e apoio psicopedagógico pelo Núcleo de Orientação e Atendimento Psicopedagógico (NOAP) – assinala.

Ajuda a crianças de baixa renda com dificuldade escolar oferecida pelo NOAP | Foto: Acervo Comunicar

Uma das atuais prioridades do Departamento de Educação é manter o funcionamento dos núcleos filiados a ele, como o NOAP e o Núcleo de Educação de Jovens e Adultos (NEAd). A diretora do departamento destaca que o trabalho de ambos tem um impacto significativo para a comunidade PUC-Rio, pois auxilia alunos, professores e funcionários em diferentes frentes.

– O atendimento do NEAd é muito positivo. Temos alguns depoimentos que dizem que o núcleo proporcionou uma formação para funcionários da Universidade que continuaram com os estudos e hoje são alunos da própria PUC-Rio. Eles conseguiram, fizeram o vestibular e ingressaram

Cristina Carvalho

A professora comenta que o NOAP passou a integrar, recentemente, a Rede de Apoio ao Estudante (RAE), formada por cinco núcleos que têm o propósito de prestar atendimento multidisciplinar aos alunos. Cristina acredita que esse aspecto plural, em que ocorrem diálogos entre os mais diversos decanatos, é um dos responsáveis pela excelência da Universidade.

Durante a pandemia, a professora comenta que a adaptação não só do Departamento de Educação, mas de toda a comunidade universitária, foi muito rápida. Segundo Cristina, como o departamento tem profissionais que trabalham na área de tecnologia, foi possível oferecer aos outros professores, não familiarizados com o novo sistema, um apoio, com encontros internos, e, observa, o retorno dos alunos foi muito positivo. A facilidade das reuniões realizadas de forma remota também aumentou o diálogo entre os departamentos, que, para ela, é cada vez mais essencial.

Cristina acredita no contato presencial, nas salas de aula, mas, ressalta, os processos educacionais jamais serão os mesmos de antes. Ela aposta em uma alternativa híbrida, com elementos virtuais e presenciais. A professora também enfatiza a necessidade de políticas públicas que acompanhem a comunidade acadêmica educacional nesse processo e garantam o acesso à tecnologia, que ainda não ocorre para uma grande parcela da população brasileira.

– Eu acho que é o momento de a área da educação repensar as suas práticas, por isso é necessário um Departamento de Educação engajado, que proponha e pense em conjunto outras possibilidades na pedagogia – diz Cristina.