Fruto da demanda por uma formação de gerentes executivos para o país, Departamento de Administração tem como característica captar os anseios do mercado. O mais novo e bem sucedido projeto é a criação da graduação tecnológica em gestão financeira, o curso TecFin

A criação dos cursos voltados para a área de administração na PUC-Rio é, desde o início, resultado das necessidades do mercado brasileiro. O que hoje é a Escola de Negócios nasceu em maio de 1960, como Instituto de Administração e Gerência (IAG). De acordo com o gerente administrativo do IAG, João Luiz Queiroz Ferreira, na década de 1960 o Brasil passou por uma fase de modernização, e a chegada ao território nacional de indústrias como a automobilística apontou para a urgência de capacitar gerentes executivos.

O primeiro curso voltado para gerência na PUC-Rio ocorreu em março de 1958, dois anos antes da formalização do IAG, e foi oferecido pela Escola Politécnica da Universidade Católica (EPUC). A iniciativa partiu de dois engenheiros, o professor Paulo Affonso Horta Novaes (1913-2006) e o professor Ary Marques Jones (1921-2016), durante um curso que realizavam no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI). Eles procuraram o diretor da EPUC na época, o professor Carlos Alberto Del Castilho, com a proposta de criação de um curso, e a ideia foi bem recebida. Por isso, afirma João Luiz, os três são considerados os fundadores do IAG.

– Faltavam gerentes nesse cenário de industrialização, e dois engenheiros estavam em um congresso quando vislumbraram esta necessidade. Foi assim que surgiu o conceito do IAG. No início, as aulas eram de natureza não acadêmica, ou seja, eles não eram subordinados às regras da academia. Eram cursos de dois a três meses de duração e com o objetivo de formar gerentes para empresas de pequeno e grande porte – diz.

Entrada do Departamento de Administração | Foto: Amanda Dutra

O professor lembra que em 1958 a profissão de administrador não era regularizada, e o Brasil ainda montava a infraestrutura para que isto pudesse ocorrer em 1965. Na primeira fase do IAG, que de acordo com os professores do departamento ocorreu de 1958 a 1976, foram capacitados inúmeros gerentes sem um caráter acadêmico. 

– No início, a profissão de administrador não era regulamentada, por isso o IAG formou gerentes dentro dessa filosofia, de o profissional não estar ligado a uma administração própria, porque não existia – comenta João Luiz.

Em 1972, foi realizado o primeiro Mestrado em Administração, vinculado ao Departamento de Economia, assim como os primeiros cursos de graduação em Administração, que começaram em 1975. O lançamento do Mestrado, inclusive, é considerado por muitos o início da formação do Departamento de Administração.

Para o funcionário administrativo do departamento Carlos Eduardo da Camara Pereira, 1976 foi um divisor de águas na história do IAG. Isto porque foi neste ano que a PUC-Rio decidiu investir na face acadêmica da Administração. Nos anos seguintes, a estrutura foi incorporada ao Centro de Ciências Sociais (CCS) e passou a fazer parte da academia com a fundação oficial do departamento, em 1979.

– À medida que o tempo foi passando, começaram a falar de cursos de extensão, cursos de longa duração.  Mas em 1976, a PUC-Rio disse que ia montar esta configuração, e o IAG começou a preparar profissionais dentro da linha universitária e acadêmica – conta Carlos Eduardo.

Carlos Eduardo da Camara Pereira e João Luiz Queiroz Ferreira | Foto: Amanda Dutra

Com a estruturação do departamento, a graduação em administração de empresas se desligou do Departamento de Economia e foi englobada pela Administração, que também passou a oferecer cursos de pós-graduação stricto sensu. O Instituto de Administração e Gerência ganhou o nome Escola de Negócios, mas manteve a sigla IAG, e continuou a oferecer cursos de pós-graduação lato sensu, os MBAs. Em 1997, foi criado o doutorado e, dois anos depois, surgiu o mestrado profissional, ambos impulsionados por uma demanda do mercado. Hoje, tanto o Mestrado acadêmico quanto o Doutorado têm o conceito 5 da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

O diretor do Departamento de Administração, Leonardo Lima Gomes | Foto: Amanda Dutra

Segundo o diretor do departamento, professor Leonardo Lima Gomes, apesar da divisão de funções, desde 1979 o Departamento de Administração e o IAG são liderados pelo mesmo diretor e compartilham a mesma estrutura administrativa e financeira.

– Nós temos um funcionamento duplo: continua existindo o Departamento de Administração como é, como unidade constitutiva da PUC-Rio, e o IAG, que é a Escola de Negócios da PUC-Rio. Nós, aqui, administramos o Departamento de Administração e o IAG. São dois em um, vamos falar assim – diz o diretor.

Projetos e Inovações

Com a tradição de ser uma bússola para os profissionais da área, o departamento investiu no último ano em dois projetos depois de observar, mais uma vez, as demandas do mercado. Em 2019, o Instituto começou a ministrar o curso de Gestão Empresarial com Ênfase em Projetos na Escola de Guerra Naval (EGN) da Marinha brasileira, com objetivo de ensinar aos oficiais-alunos as modernas ferramentas de gestão. João Luiz Queiroz Ferreira recorda que a relação da Universidade com Força Naval é antiga, e que o professor Ary Marques Jones ajudou a vincular as duas instituições no passado.

– Acho que tudo começou com o pós-guerra, pois as Forças Armadas iam aos Estados Unidos entender a gestão de reestruturação das nações, e a Marinha brasileira estava com muito conhecimento. Como um dos fundadores era engenheiro naval, ele trouxe muitos oficiais da Marinha para a Universidade. O professor Paulo César Motta conta que, antes de o departamento se vincular à PUC, muitos oficiais da reserva da Marinha vinham dar aulas e alguns até viraram diretores daqui. 

No fim do ano passado, foi introduzido um novo formato de graduação, o Tecnológico em Gestão Financeira (TecFin). A habilitação vem de uma alta procura do mercado por profissionais especializados em gestão financeira, decorrente da rápida transformação tecnológica dos últimos anos. Com três anos de duração, o curso é dividido em três eixos: Finanças Corporativas, Mercado de Capitais e Fintechs, que para o diretor do departamento são o futuro do empreendimento.

– Esta graduação tecnológica é bastante prática. Nós oferecemos muitas aulas em laboratório, e o curso é bastante voltado para as demandas do mercado, sem dúvida. As Fintechs são uma grande novidade dentro de um curso de graduação e nós entendemos que elas vão compor uma grande parte do futuro das empresas. Estou falando dos bancos digitais, de organizações mais autônomas que utilizam tecnologia como a de blockchain, e por aí vai. Existe uma enorme oportunidade, na nossa visão, de se empreender com Fintechs – explica.

Leonardo Lima Gomes

E com intuito de atualizar os gestores, o IAG oferece, por exemplo, cursos de empreendedorismo e inovação em corporações relevantes. Segundo Carlos Eduardo, como os profissionais querem compreender um assunto relacionado à gestão do negócio, os professores dão ênfase ao que eles precisam. 

Carlos Eduardo completa que a administração tem caráter multidisciplinar, uma vez que os alunos estudam disciplinas de diferentes graduações, como matemática e psicologia. Para ele, as empresas são como laboratórios, pois é possível aprender sobre o inter-relacionamento das pessoas, processos e recursos das instituições com a sociedade. 

Assim, algumas atividades são realizadas com o objetivo de aproximar os alunos do mercado. Como a tradicional Semana de Administração, que organiza palestras, workshops que propiciam não só troca de informações como também networking. Este ano, a por causa da pandemia, a 35º edição foi realizada on-line. Da mesma forma, o departamento organizou o Hackaton de Negócios, uma imersão de dois dias com o objetivo de instigar os participantes a desenvolver propostas de solução para um problema real de uma empresa.  No segundo semestre deste ano, o IAG também se envolveu na primeira edição do PUC Hack, maratona interdisciplinar para a elaboração de projetos inovadores e criativos para a sociedade por causa da pandemia da Covid-19.