Departamento de Geografia e Meio Ambiente equilibra conteúdo teórico com trabalho de campo para que os futuros profissionais possam ter um olhar diferenciado e mais completo. Curso se prepara para oferecer a graduação em Ciências Ambientais com ênfase em Ciência da Sustentabilidade

O Departamento de Geografia e Meio Ambiente tem um diferencial: ele funciona em um campus que abriga uma pequena floresta. Um luxo para os estudantes, que têm a oportunidade de fazer pesquisas dentro da própria Universidade. A um passo de completar oito décadas, o departamento busca, agora, a abertura do curso de graduação em Ciências Ambientais com ênfase em Ciência da Sustentabilidade, de olho nas transformações que o mundo enfrenta no século XXI.

Fundado em 1941, o curso de Geografia era um dos que faziam parte da Faculdade de Filosofia. Em 1969, tornou-se Departamento de Geografia e História, com Bacharelado e Licenciatura, mas cada um funcionava com uma coordenação própria. No ano 2013, após conversar com o Conselho Universitário, o Reitor padre Josafá Carlos de Siqueira, S.J, alterou a denominação do curso que passou a se chamar Departamento de Geografia e Meio Ambiente. Em 2007 o Programa de Pós Graduação foi iniciado, com a aprovação, no ano anterior, da CAPES para o mestrado. O doutorado foi implantado oito anos depois, em 2015.

Sede do Departamento de Geografia e Meio Ambiente no campus da Universidade | Foto: Amanda Dutra

Segundo o diretor do Departamento de Geografia e Meio Ambiente, Alex Solorzano, a principal meta a ser alcançada é chegar à nota 5 da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) para o programa do departamento – Geografia e o Meio Ambiente tem nota 4. O diretor destaca também algumas propostas do plano diretor, como a consolidação do programa de captação de novos alunos, a reforma curricular da graduação e levar adiante o projeto do curso em Ciências Ambientais com ênfase em Ciência da Sustentabilidade.

Solorzano ressalta que os grupos de pesquisa e trabalhos de campo do departamento são essenciais para a formação do aluno, pois ocorre a integração entre os estudantes e professores da graduação e pós-graduação. Ele comenta que a oportunidade de realizar parte dos trabalhos de campo dentro da Universidade, que tem uma rica área verde, é um diferencial para o curso de Geografia e Meio Ambiente em comparação com outras instituições de ensino superior.

– O campus da PUC-Rio é o mais bonito, mais charmoso, tem um micro remanescente de floresta, um rio que passa no meio. Nós podemos fazer campo no campus, usamos a própria estrutura do campus. Eu saio com os alunos para o Parque da Cidade, faço uma trilha, desço pelo Horto e vejo uma série de situações históricas, sociais, ecológicas super ricas. É um grande laboratório que temos do lado, muito rápido e de próximo acesso.

O corpo docente do departamento também pode desfrutar do campus avançado no bairro do Tinguá, no município de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, que antes era um sítio com mais de 20 hectares e uma floresta. O diretor conta que o lugar virou uma linha de pesquisa dos professores do departamento, pois oferece oportunidades de estudos sobre aquela região e, além disto, o local oferece uma ótima estrutura para receber os alunos e professores.

Ele diz que a reformulação do currículo é um dos projetos em prática do departamento, com a incorporação de disciplinas que antes eram aplicadas como eletivas, da área da sustentabilidade e da transformação e gestão integrada da paisagem. De acordo com o Solorzano, a reformulação curricular busca transformações e tornar a educação mais ambiental. Para ele, só é possível entender o que é um deslizamento ao visualizar um, então é essencial levar o conteúdo aplicado em sala de aula para o campo. Quando o aluno volta para a sala de aula, ele volta com outro olhar e diferentes embasamentos sobre a matéria, é uma relação de ida e volta do campo que enriquece o conhecimento, explica Solorzano.

– Nós entendemos que a geografia vai ser um curso que vai transformar e desenvolver uma nova visão, observar uma parcela do espaço e ver coisas que antes não via. É uma parte da formação do geógrafo enquanto profissional, começamos desde o primeiro período, tentando fazer com que cada um construa este olhar por meio do conteúdo e em visitas de campo. Não conseguimos entender uma floresta estudando somente pelo quadro

Alex Solorzano

Alex Solorzano destaca nomes que ele considera importantes e que ajudaram a consolidar o perfil do curso de Geografia da PUC-Rio: o professor João Rua foi o primeiro docente do departamento a receber o título de professor emérito; o professor Rogério Ribeiro de Oliveira, ex-diretor do Departamento de Geografia e Meio Ambiente, teve um papel importante na integração de diferentes conhecimentos do curso, e o atual Reitor da Universidade, padre Josafá Carlos de Siqueira, S.J., que foi professor atuante do curso de geografia por muitos anos.

O diretor do Departamento de Geografia e Meio Ambiente, Alex Solorzano | Foto: Amanda Dutra

Solorzano define o Departamento de Geografia e Meio Ambiente como uma integração de saberes. Segundo ele, a geografia acredita em um mundo melhor e é importante pensar em uma ciência que dialoga e troca com diferentes setores da sociedade.

– É necessário colocar mais amor na ciência e no âmbito estudantil, é fazer a ciência como ferramenta para desenvolver mais amor pelo planeta

Alex Solorzano

Esta consciência sobre o cuidado e preservação do lugar onde o homem vive é uma marca do departamento, que desde a sua criação promove debates e reflexões sobre questões cruciais do mundo contemporâneo. Já em 1946, foi organizado um curso para os alunos – mas aberto a ouvintes avulsos – sobre migrações. Em 1965, o departamento ajudou a organizar o II Congresso Brasileiro de Geógrafos. Na primeira semana de outubro de 1978, o geógrafo Milton Santos esteve no campus da Universidade para discutir em um seminário a questão urbana no Brasil. Dois anos depois, em 1980, o departamento acolheu IV Encontro Nacional de Geógrafos, cujo tema central foi a crise das cidades. Mais recentemente, em 2016 e 2018, o campus da Gávea recebeu geógrafos de diferentes países que participaram do Simpósio Internacional Metropolização do Espaço, Gestão Territorial e Relação  Ubano-Rural (SIMEGER), em 2014.