Parte fundamental para a PUC-Rio realizar projetos de inclusão, Departamento de Serviço Social surgiu em 1937, antes da fundação da Universidade. Ele é uma referência no Brasil para a implantação de uma política de ação afirmativa no Ensino Superior

Com uma história sólida no passado, o Departamento de Serviço Social chega ao século XXI com olhar para o futuro. Em meio às comemorações dos 80 anos da Universidade, o curso faz uma revisão curricular que vai consolidar mudanças para expandir os horizontes. Em 1937, com a fundação do Instituto de Educação Social e Familiar, nasceu o curso de Serviço Social – antes mesmo de a PUC-Rio se constituir como Universidade.  Além de se tornar um elemento essencial para a criação da instituição, o departamento é pioneiro no ensino da profissão no Rio de Janeiro e o segundo que foi criado no Brasil.

Primeira Turma de Serviço Social em ocasião à visita do ministro da Educação e Saúde, Gustavo Capanema, em 1943 | Foto: Núcleo de Memória da PUC-Rio

Uma das características centrais da formação oferecida pelo departamento é a flexibilidade, que proporciona ao aluno conhecimentos teóricos e competências adequadas à ação do profissional da área. Segundo a diretora, professora Inez Stampa, o objetivo é destacar diversas expressões da questão social existentes na sociedade brasileira.

– Temos a perspectiva de possibilitar aos estudantes, e à comunidade, em geral, uma concepção mais ampla sobre a questão social e suas expressões como a pobreza, violência, racismo, questões de gênero, socioambientais, entre outras, bem como refletir sobre elas no dia a dia do trabalho do assistente social. É um curso que, na minha opinião, está mais arejado – afirma.

Inez Stampa

A professora Sueli Bulhões faz parte do curso de Serviço Social desde os tempos em que ele funcionava no Instituto Social, onde fez sua graduação. Ela ressalta que, no mundo de hoje, é necessário que o profissional da área tenha uma série de competências teóricas e éticas e seja compromissado para garantir os direitos de cidadania.

– É pensar realmente um profissional responsável, comprometido com as demandas que existem na nossa sociedade, oriundas das expressões da questão social, sem perder de vista o compromisso com os direitos, com a qualidade dos serviços oferecidos e com os sujeitos da ação profissional. O assistente social está constantemente junto da população, principalmente a mais necessitada de ter os seus direitos reconhecidos. O trabalhador que queremos formar deve estar muito atento a este cenário – comenta.

Pioneirismo

Além de ser pioneiro em muitos aspectos, em 1972, o departamento criou o curso de Mestrado, o primeiro do país a ser credenciado na área pela CAPES. Mais de vinte anos depois, o departamento possibilitou a PUC-Rio a se tornar, em 1994, referência no Brasil para a implantação de uma política de ação afirmativa no Ensino Superior.

Inez Stampa cita como exemplo o projeto para a formação de jovens em cursos de pré-vestibular comunitário e lideranças de movimentos sociais diversos. A proposta, de acordo com Inez, foi um marco na história do departamento e da PUC-Rio. Segundo ela, o ex-Reitor da PUC-Rio, padre Jesus Hortal Sánchez, S.J., o Vice-Reitor Comunitário, professor Augusto Sampaio, e a professora Luiza Helena Hermel, em parceria com Frei David – um dos fundadores do Pré-Vestibular para Negros e Carentes – PVNC –, foram essenciais neste processo que, há mais de 25 anos, ajudou a promover a inclusão de alunos negros e pobres no Ensino Superior.

A professora Sueli destaca a importância da iniciativa deste tipo de programa para a comunidade. Ela afirma que isto também representa o projeto acadêmico do departamento, que valoriza a inclusão social. 

A professora Sueli Bulhões | Foto: Ruy Duarte

Acredito que sempre procuramos estar abertos às questões do nosso tempo. Esse projeto, desenvolvido pelo Departamento de Serviço Social com o apoio da Universidade, forneceu elementos para o Governo Federal criar os seus programas de ação afirmativa no Ensino Superior. Acho que isso é um pioneirismo muito importante do nosso departamento, que sempre esteve e se faz presente – assinala.

A modernização

A diretora do Departamento de Serviço Social, professora Inez Stampa | Foto: Acervo pessoal

Com as alterações curriculares propostas, a diretora conta que a ideia também é trazer transformações para o programa de pós-graduação. Inez ressalta algumas linhas de pesquisa que são desenvolvidas pelo departamento de Serviço Social, como trabalho, políticas sociais, questões socioambientais, violência, direitos sociais e formas de resistência social.  O tema da violência,segundo ela,é um dos mais antigos do departamento, mas permanece atual. Um dos principais propósitos, sinaliza, é expandir e consolidar bases de estudo.

Os temas de pesquisa sempre se renovam, então, atualizar nossa proposta para a pós é bastante significativo. Por exemplo, a internacionalização é um desafio, principalmente na pós, que é mais cobrada. Nosso quadro de professores é enxuto, mas desenvolvemos diversas atividades, e já temos uma atuação internacional importante. Precisamos ampliar e consolidar isso.

Inez lembra que o curso lida o tempo todo com as necessidades sociais que surgem por causa das desigualdades existentes no país. Por isso, diz, o departamento valoriza e busca o diálogo entre os cursos da PUC-Rio, para reforçar a interdisciplinaridade, necessária para a formação de um profissional com olhar crítico.

– Se eu fosse definir o nosso departamento em uma palavra, eu diria pluralidade. Os usuários dos serviços sociais geralmente precisam de políticas públicas que atendam às suas necessidades. E nós, com a PUC, avançamos bastante com a questão da interdisciplinaridade, que exige uma interlocução com outros cursos, com outros pesquisadores, de dentro e de fora da Universidade. Portanto, esse é um aspecto que marca muito o departamento.